O homem é um animal político,
como afirmou Aristóteles. Ou seja, é um ser gregário (político vem de polis,
cidade). Ninguém vive só. A sobrevivência da espécie só foi e é possível pelo
trabalho coletivo. A sensação de pertencimento é fundamental para o bem-estar
pessoal, sendo bem exteriorizado nos esforços dos adolescentes que muitas vezes
mudam a forma de ser, de pensar, de agir, de vestir, tudo para serem aceitos
pelo grupo. Essa busca continua na fase adulta, ainda que ganhe novas nuances e
sutilezas. Contraditoriamente, a convivência nunca é algo simples. Choques de
pensamentos, personalidades, pontos de vistas geram graves conflitos, por vezes
levando a rompimentos dolorosos.
Vê-se claramente que o
binômio “sobrevivência” x “individualidade” é um ponto chave no processo de
desenvolvimento do espírito, constituído muito provavelmente como a mola
propulsora. Necessitamos do outro para existir, mas não podemos controlá-lo ou
determinar os parâmetros de sua existência. Ele sempre estará lá para contestar
minha visão de mundo, meus sentimentos, minha conduta. Será o indefinível, o
inesperado, o indecifrável.
Na convivência aprendemos a
compreender nós mesmos. Observando o outro, vemos nossas capacidades e
imperfeições. Pedimos ao alto luz e orientação, mas Deus, em sua incontestável
sabedoria, nos colocou para sermos um o guia do outro. Do alto sempre virá a
inspiração, mas somente no outro encontro iluminação.
E esta é a beleza da
criação.
Texto de Lahiri Argollo
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