Segundo o
Livro dos Espíritos, em sua questão
402, o sonho é fruto das experiências vivida pelo espírito liberto do corpo
durante o sono. Também podem ser recordações de acontecimentos antigos ou
premonições. Suas imagens confusas e caóticas são o resultado da perturbação
natural que o espírito encarnado sofre, a mesma que nos impede de lembrar
ocorrências de vidas passadas, ou mesmo do período imediatamente anterior à
reencarnação.
Lendo-se atentamente o tópico I do capítulo VIII
percebe-se que há mais coisas a serem ditas, como na resposta à questão 405, onde
se afirma que pressentimentos de sonhos não realizados “podem cumprir-se para o Espírito, se não
se cumprem para o corpo”. Vez que o Livro
dos Espíritos foi publicado 42 anos antes de A Interpretação dos Sonhos (1899), de Sigmund Freud, é
compreensível a dificuldade dos espíritos em falar sobre a função psíquica destes.
Hoje, graças especialmente a Freud e Jung, sabemos que os
sonhos são muito mais do que experiências espirituais. Para Jung, o sonho é um
fenômeno natural, que foge completamente à razão da consciência e, por isso,
não intencional. Possui funcionamento e função própria no psiquismo,
tornando-se instrumento fundamental para acessar os conteúdos do inconsciente.
Carregado de simbolismo, o sonho, ainda que seja uma
lembrança de ocorrências no mundo espiritual, é uma realidade do sonhador na
medida em faz emergir à consciência expressões do inconsciente. Como bem coloca
Djalma Argollo em seu livro Sonhos: a
essência orientando a existência (2012), o fato do sonho possuir duas
facetas, a espiritual e a psíquica, o torna uma ferramenta extremamente útil
para o desenvolvimento pessoal, possibilitando a correção dos rumos do
princípio inteligente e seu crescimento espiritual.
Lahiri Argollo.
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