SELF

18 janeiro, 2016

Sonhos



Segundo o Livro dos Espíritos, em sua questão 402, o sonho é fruto das experiências vivida pelo espírito liberto do corpo durante o sono. Também podem ser recordações de acontecimentos antigos ou premonições. Suas imagens confusas e caóticas são o resultado da perturbação natural que o espírito encarnado sofre, a mesma que nos impede de lembrar ocorrências de vidas passadas, ou mesmo do período imediatamente anterior à reencarnação.

            Lendo-se atentamente o tópico I do capítulo VIII percebe-se que há mais coisas a serem ditas, como na resposta à questão 405, onde se afirma que pressentimentos de sonhos não realizados “podem cumprir-se para o Espírito, se não se cumprem para o corpo”. Vez que o Livro dos Espíritos foi publicado 42 anos antes de A Interpretação dos Sonhos (1899), de Sigmund Freud, é compreensível a dificuldade dos espíritos em falar sobre a função psíquica destes.

            Hoje, graças especialmente a Freud e Jung, sabemos que os sonhos são muito mais do que experiências espirituais. Para Jung, o sonho é um fenômeno natural, que foge completamente à razão da consciência e, por isso, não intencional. Possui funcionamento e função própria no psiquismo, tornando-se instrumento fundamental para acessar os conteúdos do inconsciente.


            Carregado de simbolismo, o sonho, ainda que seja uma lembrança de ocorrências no mundo espiritual, é uma realidade do sonhador na medida em faz emergir à consciência expressões do inconsciente. Como bem coloca Djalma Argollo em seu livro Sonhos: a essência orientando a existência (2012), o fato do sonho possuir duas facetas, a espiritual e a psíquica, o torna uma ferramenta extremamente útil para o desenvolvimento pessoal, possibilitando a correção dos rumos do princípio inteligente e seu crescimento espiritual.

Lahiri Argollo.

10 janeiro, 2016

DETERMINISMO E LIVRE-ARBÍTRIO, por Lahiri Argollo


Na vida do espírito, 
determinismo e livre-arbítrio são expressões 
existenciais que coexistem. 



O determinismo é externo ao ser e está posto na criação. Fomos feitos em uma construção divina que nos precede, o que implica em uma ordem objetiva à qual nos submetemos. Assim, temos as leis de Deus, como a do progresso, regendo a evolução do espírito, e as leis naturais do universo material, que regulam a vida encarnada.

Já o livre arbítrio é interno e condicionado ao desenvolvimento da consciência. Quanto mais sabemos sobre nós e o mundo que nos rodeia, maior a liberdade de escolha. Jesus curava doentes, trouxe Lázaro de volta à vida, multiplicou pães e peixes, transformou água em vinho e acalmou uma tempestade, nos informam os evangelistas.

Chamamos de milagres porque compreendemos como ações impossíveis. Mas o grau de consciência do Cristo o permitia realizá-los sem dificuldades. Seu crescimento espiritual (movido pela lei do progresso) o levou a conhecer “as regras do jogo”, passando a modificar pelo simples ato de vontade aquilo que antes determinava suas ações.


O caminho da evolução, portanto, não é pelo exterior, mas pela viagem interna na busca da expansão da consciência. Somente quando mergulhamos em nós mesmos é que somos verdadeiramente livres.